Novidade tem diversas funções, mas há dúvidas se elas funcionarão no Brasil.
Não será possível, por exemplo, comprar músicas na loja virtual iTunes.
Segundo Steve Jobs, diretor-executivo da Apple, ele é um daqueles produtos revolucionários lançados de tempos em tempos. O iPhone, anunciado no ultimo dia 9 durante o MacWorld Conference & Expo, chegou para atender à expectativa de milhares de fãs da tecnologia que esperavam há muito tempo pelo produto. O aparelho que combina as funções de um iPod, telefone celular, câmera digital e computador portátil só estará no mercado nos Estados Unidos em junho e não há uma data definida para sua chegada ao Brasil. Mesmo sem previsão, os usuários brasileiros em potencial querem saber: quando ele chegar, vai valer a pena desembolsar tanto dinheiro? Suas funções irão funcionar longe da terra de Jobs?
Essas perguntas são inevitáveis, considerando outras duas experiências no Brasil com produtos da Apple: uma delas ruim, a outra boa. O Rokr, celular lançado em 2005 em parceria com a Motorola, foi um fracasso de vendas — os brasileiros não podiam comprar música na loja virtual iTunes, seu principal chamariz, e o telefone tinha capacidade para apenas cem arquivos de música. Já o iPod tornou-se por aqui objeto de desejo e está mais acessível, devido à variedade de modelos e preços.
De que lado ficará o iPhone? Para Daniel Guedes, coordenador da Área de Desenvolvimento em Redes e Infra-estrutura de Tecnologia da Informação do Senac, o aparelho segue a linha de produtos inovadores da Apple e tem grandes chances de dar certo, inclusive no Brasil. “O iPhone segue a tendência da convergência digital, uma característica para a qual o país também está caminhando.”
Antes de mais nada, aqueles que já estão sonhando com o aparelho devem ter paciência. Como ele também é um telefone celular, sua chegada ao Brasil depende da aprovação da Anatel e de acordos com as operadoras telefônicas. Nos EUA, ele será oferecido por apenas uma dessas companhias, a Cingular. Portanto, não será possível utilizar o aparelho comprado lá fora aqui no Brasil, como muitos usuários fazem com o iPod.
Funciona?A principal dúvida é se as diversas funcionalidades do iPhone serão viáveis por aqui, sem a mesma tecnologia de telefonia e internet para a qual ele foi desenvolvido. Segundo a assessoria da Apple no Brasil, por exemplo, é muito provável que a aquisição de músicas via iTunes Music Store continue inacessível para os brasileiros. Já a possibilidade de acesso à internet sem fio, que permitirá a navegação e uso de diversos serviços — como o Google Maps, além de informações sobre o tempo e ações — ainda é um mistério para os brasileiros.
A Oi, do Grupo Telemar, se mostra otimista. A companhia afirma ter grande interesse no produto e acredita que ele poderá realizar todas as suas funções que envolvem a operadora, como telefonemas, envio de torpedos e acesso à internet, sem qualquer problema. Contatadas, a Claro não soube dar essa informação, por não ter previsão de chegada do aparelho ao Brasil, e a TIM não respondeu até a publicação da reportagem.
Apesar das dúvidas, o iPhone tem funções que não dependem da tecnologia local — como a câmera digital de dois megapixels e o iPod acoplado, que serão garantidos aos consumidores brasileiros. Mesmo com o conteúdo da loja virtual iTunes inacessível no país, o tocador digital da Apple tornou-se um grande sucesso entre os brasileiros que baixam músicas de outros sites (ilegalmente, na grande maioria das vezes) ou transferem para os iPods as músicas de seus CDs. Também será possível usar o bloco de notas, calculadora e outras funções mais simples, já comuns em outros dispositivos.
Uma limitação do produto para todos os usuários — esta independente do país em que o iPhone será utilizado — está ligada à instalação de aplicativos para deixá-lo mais funcional. A novidade não roda programas de outras empresas, impedindo o uso de arquivos do Office da Microsoft, por exemplo. Isso porque a Apple quer manter o controle dos aspectos do produto, além de não querer ter problemas com iPhones sobrecarregados, que possam vir a ter problemas.
PreçoGuedes, do Senac, acredita que o aparelho deve demorar para se popularizar no Brasil. “O mercado brasileiro é diferente do americano. Além disso, o iPhone chegará muito caro ao país. É claro que o design da empresa é um fator que chama os usuários, mas é preciso ver que já existem no mercado local aparelhos com funções semelhantes por um preço mais acessível”, conta.
Nos EUA, a novidade custará US$ 499 (versão de 4 GB) e US$ 599 (8 GB). Segundo Guedes, quando chegar ao Brasil, o iPhone só poderá ser comprado por um público de renda muito alta, o que restringe sua expansão. “É preciso um acordo da Apple com as operadoras de telefonia brasileiras, para subsidiar o seu preço. Assim, o acesso será mais fácil e sua compra, menos onerosa”, sugere o especialista em desenvolvimento de redes.
FonteG1/Tecnológia 
Dom Fev 17, 2008 11:32 pm
